Nossa Senhora da Expectação do Parto

>> terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Nossa Senhora do Ó é uma devoção mariana surgida em Toledo, na Espanha, remontando à época do X Concílio, presidido pelo arcebispo Santo Eugênio, quando se estipulou que a festa da Anunciação fosse transferida para o dia 18 de Dezembro.
Sucedido no cargo por seu sobrinho, Santo Ildefonso, este determinou, por sua vez, que essa festa se celebrasse no mesmo dia, mas com o título de Expectação do Parto da Beatíssima Virgem Maria. Pelo fato de, nas vésperas, se proferirem as antífonas maiores, iniciadas pela exclamação (ou suspiro) “Oh!”, o povo teria passado a denominar essa solenidade como Nossa Senhora do Ó.

De origem claramente espanhola, conhecida na liturgia com o nome de "Expectação do parto de Nossa Senhora", e entre o povo com o título de "Nossa Senhora do Ó". Os dois nomes encerram o mesmo significado e objeto: os anelos santos da Mãe de Deus por ver o seu Filho nascido. Anelos de milhares e milhares de gerações que suspiram pela vinda do Salvador do mundo, desde Adão e Eva, e que se recolhem e concentram no Coração de Maria, como no mais puro e limpo dos espelhos.

A Expectação do parto não é simplesmente a ansiedade, natural na mãe jovem que espera o seu primogênito, é o desejo inspirado e sobrenatural da "bendita entre as mulheres", que foi escolhida para Mãe Virgem do Redentor dos homens, para corredentora da humanidade. Ao esperar o seu Filho, Nossa Senhora ultrapassa os ímpetos afetivos duma mãe vulgar e eleva-se ao plano universal da economia divina da salvação do mundo. O Filho que vai nascer traz uma missão de catolicidade salvadora.

Não vem simplesmente para sorrir e para beijar a mãe, mas para resgatar com seu sangue o povo. Os sentimentos da Virgem Maria, nos dias que precedem o nascimento de Jesus, não são egoístas; tendem somente para Deus, que será agora dignamente glorificado, e olham para todos os homens, que vão sair da escravidão para entrar na categoria de filhos, de nobres e livres, no Reino de Deus.

As antífonas maiores que põe a Igreja na Liturgia das Horas desde 18 de Dezembro até à véspera do Natal e começam sempre pela interjeição exclamatica Ó, como expoente altíssimo do fervor e ardentes desejos da Igreja, que suspira pela vinda pronta de Jesus, inspiraram ao povo espanhol a formosa invocação de "Nossa Senhora do Ó", Nossa Senhora como centro dos desejos dos antigos justos de Israel e dos fiéis cristãos de hoje, que, à uma e em afetuosa comoção, anelam pela aparição do Messias. É ideia grande e inspirada: A Mãe de Deus, a Virgem Imaculada posta à frente da imensa caravana da humanidade, peregrina pelo deserto da vida, que levanta os braços suplicantes e abre o coração enternecido, para pedir ao céu que lhe envie o Justo, o Redentor.

"Ó Sabedoria, ... vinde ensinar-nos o caminho da salvação." "Ó Chefe da Casa de Israel, ... vinde resgatar-nos com o poder do vosso braço". "Ó Rebento da Raiz de Jessé,... vinde libertar-nos, não tardeis mais". "Ó Chave da Casa de David, ... vinde libertar os que vivem nas trevas e nas sombras da morte". "Ó Sol nascente, esplendor da luz eterna e sol de justiça, vinde iluminar os que vivem nas trevas e na sombra da morte". "Ó rei das nações e Pedra angular da Igreja, vinde salvar o homem que formastes do pó da terra". "Ó Emanuel, ... vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus".

A festa de Nossa Senhora do Ó foi instituida no século VI pelo décimo concílio de Toledo, ilustre nos fatos da história pela dolorosa, humilde, edificante e pública confissão de Potâmio, bispo bracarense, pela leitura do testamento do ínclito S. Martinho de Dume, e pela presença simultânea de três santos naturais de Espanha: Santo Eugenio III de Toledo, S. Frutuoso de Braga e o então abade agaliense Santo Ildefonso.
Santo Ildefonso estabeleceu esta festa no dia 18 de Dezembro e deu-lhe o título de Expectação do Parto. Assim ficou sendo na Espanha e passou a muitas Igrejas da França, etc. Ainda hoje é celebrada na arquidiocese de Braga e na Paróquia de Várzea de Lafões.

Iconografia: A imagem de Nossa Senhora do Ó sempre apresenta a mão esquerda espalmada sobre o ventre avantajado, em fase final de gravidez. A mão direita pode também aparecer em simetria à outra ou levantada. Encontram-se imagens com esta mão segurando um livro aberto ou também uma fonte, ambos significando a fonte da vida. Em Portugal essas imagens costumavam ser de pedra e, no Brasil, de madeira ou argila.

Perseguições: No começo do século XIX, mudanças no culto mariano começavam a estimular o dogma da Imaculada Conceição, o que não combinava com aquela santa em estado de adiantada gravidez, como a retratava a iconografia, estimada pelas mulheres à espera da hora do parto.

Muitas imagens foram trocadas pela da Nossa Senhora do Bom Parto, vestida de freira, com o ventre disfarçado pela roupa, ou mesmo pela imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, mais condizente com os ventos moralistas da época.

Somente no fim do século XX se voltou a falar e pesquisar o assunto, tendo-se encontrado imagens antigas enterradas sob o altar das igrejas.

Nossa Senhora do Ó no Brasil: No Brasil, o culto iniciou-se à época desde o início da colonização, com o Capitão donatário Duarte Coelho, na Capitania de Pernambuco. Tendo fundado a vila de Olinda, nessa povoação erigiu-se uma Igreja sob a invocação de São João Batista, administrada por militares, onde era venerada uma imagem de Nossa Senhora da Expectação ou do Ó. De acordo com Frei Vicente Mariano, também se tratava de uma imagem pequena com cerca de dois palmos de altura, entalhada em madeira e estofada, de autoria e origem desconhecida. A tradição reputa esta imagem como milagrosa, tendo vertido lágrimas em 28 de Julho de 1719.

A partir dessa primitiva imagem em Olinda, a devoção se espalhou em terras brasileiras graças a cópias na Ilha de Itamaracá, em Goiana, em Ipojuca e em São Paulo, nesta última em casa da família de Amador Bueno e na do bandeirante Manuel Preto que fundou a igreja e o bairro bem conhecidos até hoje. Os bandeirantes , por sua vez levaram a devoção para Minas Gerais, onde, em Sabará, se erige a magnífica Capela de Nossa Senhora do Ó, em estilo indo-europeu, atualmente tombada pelo Iphan.

  • A primeira imagem deste artigo é uma obra do artista italiano da renascença Piero Della Francesca.
  • A segunda imagem é obra do artista italiano Taddeo Gaddi de Firenze.
  • Nossa Senhora do Ó - Paróquia em São Paulo

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Iconografia da Virgem - parte 2

>> quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Imagem: Albrecht Dürer, Virgem sentada no crescente lunar. Frontispício da História da Vida da Virgem, 1510 (1500-5), 13x8 cm, Connecticut College Print Collection, e à direita, de autoria de um dos irmãos Wierix, sem título, 2ª metade do séc. XVI, gravura em metal, 10 x 7 cm, Antuérpia. Imagem da Connecticut College Print Collection em http://www.conncoll.edu/visual/

Por volta de 1503, encontramos alguns exemplos de representação que podem ser associados à atual iconografia da Imaculada que conhecemos hoje: uma gravura de Dürer para o Frontispício da sua História da Vida da Virgem (1500-1505), onde a Virgem é retratada como uma mulher com um menino nos braços sentada sobre um crescente lunar e acima de sua cabeça uma coroa formada de doze estrelas; uma gravura sem título dos Irmãos Wierix (2ª metade do séc. XVI – provavelmente uma cópia de um trabalho de Dürer) mostrando a Virgem como uma mulher de pé sobre um crescente lunar com um menino no braço direito; e uma iluminura de Antoine Vérard para o livro de horas Horæ Beatæ Virginis Marie Sarum (1505) onde a Virgem é representada mais uma vez como uma mulher de pé, com um menino no braço direito, só que desta vez temos a adição de um lírio branco em sua mão esquerda.

Imagem: À esquerda, A Virgem de Guadalupe, c. 1531, óleo e têmpera sobre tecido, Santuário da Virgem de Guadalupe, Cidade do México, e à direita, Nuestra Señora de los Milagros (La Conquistadora), madeira policromada e dourada, Museo de San Ignacio, Paraguay.

Ao longo do século XVI, se consolida a representação da Virgem sobre o crescente lunar que chega à América na invocação da Virgem de Guadalupe, cuja primeira representação conhecida data de 1531. Na Europa a representação da Virgem associada ao crescente lunar parece ter se difundido largamente através dos livros de horas – livros de oração utilizados por boa parte da comunidade letrada européia. Note-se que até então este conjunto de atributos foi associado com a Virgem, e não especificamente com a Imaculada. Mas é justamente entre os séculos XVI e XVII que aparecem as primeiras representações da Imaculada Concepção como a reconhecemos hoje. Ao crescente lunar, foi adicionada a serpente que por vezes aparece mordendo uma maçã, numa clara alusão à expulsão de Adão e Eva do paraíso.

Embora a associação da Virgem com a lua tenha sido herdada da Vênus romana, ela também aparece no Cântico dos Cânticos e na Litania. Seu aparecimento sob os pés da Virgem, assim como a adição da coroa de doze estrelas e da serpente – que a partir do final do século XVI freqüentemente aparece sob os pés da Imaculada – ao seu repertório de atributos se consolidou através da associação da invocação da Imaculada Concepção com a mulher do Apocalipse.

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Iconografia da Virgem - parte 1

>> quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A iconografia da Virgem, e sobretudo da Imaculada, é uma das mais ricas dentro da tradição católica em termos de atributos, graças às várias associações que foram sendo feitas à invocação ao longo dos séculos. Datando do ano de 1503 encontramos uma outra representação da Virgem que a associa ao Cântico do Cânticos no livro de Horas da Virgem ‘Heures a l’usage de Rome’.9 Nesta ilustração aparece uma representação da Virgem como uma mulher jovem de mãos postas, cercada de elementos que flutuam ao seu redor e vêm acompanhados de tarjas com dizeres retirados do Cântico dos Cânticos.

Abaixo de uma representação em busto do Pantocrator encontramos os dizeres: Tota pulchra es amica mia et macula non est in te (toda bela és, amiga minha, e não há macula em ti). Logo abaixo, encontramos uma série de atributos acompanhados de dizeres retirados de traduções latinas de vários livros bíblicos do Antigo Testamento – Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Sabedoria, Salmos e Isaías – como também de Ave Maris Stella, um hino em louvor à virgem de origem ignorada e que data pelo menos do séc. IX e da Litania da Santíssima Virgem Maria, aprovada em 1587 pelo papa Pio V, mas utilizada desde a Idade Média.

A seguir as interpretações sobre a gravura deste artigo:

• o sol e a lua => electa ut sol; pulchra ut luna (brilhante como o sol, bela como a lua), Cânticos 6:9;
• porta do céu(Porta coeli), Ave Maris Stella, hino medieval em louvor à Virgem, c. séc. IX;

• cedro do Líbano (sicut cedrus exaltata), Eclesiastes 24:17;
• roseiral (plantatio rosae), Eclesiastes 24:18;
• poço de água viva (puteus aquarum viventium), Cânticos 4:15;
• broto de Jessé florido (virga Iesse floriut), Isahia 11:1. ‘E sairá um broto da raíz de Jessé e de sua raíz surgirá uma flor’ (Et egredietur virga de radice Iesse et flos de radice eius ascendet). Jessé era pai de David e, portanto, dá origem aos vários ancestrais de Cristo. A flor a que se refere o versículo, pode ser interpretada como a Virgem com seu filho divino.
• jardim cercado (hortus conclusus), Cânticos, 4:12;
• estrela do mar (stella maris), Ave Maris Stella;
• lírio entre espinhos (sicut lilium inter spinas), Cânticos 2:2;
• oliveira (oliva speciosa), Eclesiastes 24:19;
• torre de Davi (turris davidica cum propugnaculis), Litania e Cânticos (turris David) 4:4;
• espelho sem mácula (speculum sine macula); Sabedoria 7:26;
• fonte dos jardins (fons [h]ortorum), Cânticos 4:15;
• cidade de Deus (civitas Dei) Salmo 86:

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Primeira representação da Imaculada Concepção

>> sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A primeira representação da concepção de Maria personificada em uma mulher aparece em uma obra de Carlo Crivelli, de 1492, hoje no the National Gallery em Londres. Nela se pode observar uma mulher com as mãos postas e sobre ela, dois anjos erguem uma faixa onde se lê: Ut in mente Dei ab initio concepta fui ita facta sum (desta maneira na mente de Deus desde o início fui concebida e assim fui feita). Na parte superior da composição, aparece Deus olhando para baixo, contemplando sua criação.

A direita da mulher aparecem uma maçã e uma abóbora, simbolizando a ressurreição (abóbora) como antídoto contra a morte e o mal (maçã); à sua esquerda cinco peras e um pêssego: o número cinco alude às cinco chagas de Cristo, a pêra alude ao Cristo encarnado e seu amor pela humanidade, e o pêssego simboliza o fruto da salvação. Também à sua esquerda, logo abaixo das peras e do pêssego, há um jarro transparente com lírios brancos, simbolizando a pureza da virgem.

O lírio é particularmente associado à Imaculada Concepção e a referência vem da canção de Salomão (2:1): Eu sou a rosa de Saron, o lírio dos vales. A direita da mulher, uma outra jarra, de aparência mais rústica, com rosas – um atributo tradicional da Virgem, herdado da Vênus romana, que se tornando a ‘rosa sem espinhos’ simboliza Maria, preservada das conseqüências do pecado original.

Referência: The National Gallery, Londres
Pesquisa: Marcia Bonnet.

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Representações da Imaculada concepção

>> quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Atualmente a iconografia mais associada à Imaculada Concepção é aquela tão bem divulgada pela pintura produzida no Siglo de Oro espanhol. Zurbarán, Murillo e, sobretudo, Pacheco, nos deixaram representações que mostram uma jovem de cabelos anelados suspensa no ar, de mãos postas e manto esvoaçante, pisando sobre uma esfera e/ou um crescente lunar, uma serpente e uma nuvem salpicada de querubins.

À esquerda, Francisco de Pacheco (1554-1644), A Imaculada Conceição com o Poeta Miguel del Cid, c. 1616-7, Catedral de Sevilha, Andaluzia e à direita, Francisco de Zurbarán (1598-1664), Imaculada Conceição, 1634, Museu Cerralbo, Madri. Imagens da Web Gallery of Art.



As primeiras representações da Imaculada, entretanto, estavam bem distantes desta fórmula que acabou por se popularizar. Na passagem entre a Idade Média e o Renascimento encontramos algumas representações da concepção de Maria e as soluções encontradas pelos artistas variaram bastante. Giotto, por exemplo, na série Cenas da Vida de Joaquim, que decora parte da Capela Scrovegni em Pádua, mostrou o Encontro na Porta Dourada (1304-06), onde vemos Joaquim e Ana trocando um beijo bastante fraternal diante da porta dourada.

Giotto, Cenas da Vida de Joaquim: Encontro na Porta Dourada,1304-06, afresco da Capela Scrovegni Pádua. Imagem da Web Gallery of Art

Jean Bellegambe, pintor flamengo que viveu na França, encontrou outra maneira para representar a concepção, mostrando Maria dentro do ventre de Ana.

À esquerda, Jean Bellegambe (1470-1534), Santana concebendo a Virgem Maria, Museu de la Chartreuse, Douai e à direita, Carlo Crivelli, A Imaculada Conceição, 1492, Galeria Nacional de Londres.

Todas as referências históricas e pesquisas são de Marcia bonnet

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Nossa Senhora da Conceição

>> terça-feira, 24 de novembro de 2009

O dia 8 de dezembro é o dia de Nossa Senhora da Conceição, neste dia O dogma da Imaculada Concepção foi definido pelo papa Pio IX em 1854.

Nas cortes celebradas em Lisboa no ano de 1646 declarou o rei D. João IV que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Não foi D. João IV o primeiro monarca português que colocou o reino sob a protecção da Virgem, apenas tornou permanente uma devoção, a que os reis se acolheram algumas vezes em momentos críticos para a pátria.
D. João I punha nas portas da capital a inscrição louvando a Virgem, e erigia o convento da Batalha a Nossa Senhora, como o seu esforçado companheiro D. Nuno Alvares Pereira levantava a Santa Maria o convento do Carmo.

Foi por provisão de 25 de Março do referido ano de 1646 que se mandou tomar por padroeira do reino Nossa Senhora da Conceição. Comemorando este fato cunharam-se umas medalhas de ouro de 22 quilates, com o peso de 12 oitavas, e outras semelhantes mas de prata, com o peso de uma onça, as quais foram depois admitidas por lei como moedas correntes, as de ouro por 12$000 réis e as de prata por 600 réis.

Segundo diz Lopes Fernandes, na sua Memoria das medalhas, consta do registo da Casa da Moeda de Lisboa, liv. 1, pag. 256, v. que António Routier foi mandado vir de França, trazendo um engenho para lavrar as ditas medalhas, as quais se tornaram excessivamente raras, e as que aquele autor numismata viu cunhadas foram as reproduzidas na mesma Casa da Moeda no tempo de D. Pedro II.

Acham-se também estampadas na Historia Genealógica, tomo IV, tábua EE. A descrição é a seguinte: JOANNES IIII, D. G. PORTUGALIAE ET ALGARBIAE REX – Cruz da ordem de Cristo, e no centro as armas portuguesas. Reverso: TUTELARIS RE­GNI – Imagem de Nossa Senhora da Conceição sobre o globo e a meia lua, com a data de 1648, e; nos lados o sol, o espelho, o horto, a casa de ouro, a fonte selada e arca do santuário.

O dogma da Imaculada Conceição foi definido pelo papa Pio IX em 8 de Dezembro de 1854, pela bula Ineffabilis. A instituição da ordem militar de Nossa Senhora da Conceição por D. João VI (V. o artigo seguinte) sintetiza o culto que em Portugal sempre teve essa crença antes de ser dogma.

Em 8 de Dezembro de 1904 lançou-se em Lisboa solenemente a primeira pedra para um monumento comemorativo do cinquentenário da definição do dogma. Ao ato, a que assistiram as pessoas reais, patriarca e autoridades, estiveram também representadas muitas irmandades de Nossa Senhora da Conceição, de Lisboa e do país, sendo a mais antiga a da atual freguesia dos Anjos, que foi instituída em 1589

No Brasil é tradição montar a árvore de Natal e enfeitar a casa no dia 8 de dezembro, dia de N.Sra. da Conceição."

Ler mais informações: blog nossa senhora

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A festa da Imaculada Concepção

>> quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A festa da Imaculada Concepção foi instituída primeiramente na Igreja Grega, por volta do século V. Somente por volta do século VII ela é adotada também pela Igreja Latina. A data de comemoração, escolhida inicialmente por vontade dos monges que organizaram a primeira festa ainda na Igreja Grega para o dia 9 de dezembro, acabou sendo mudada na Igreja Latina para o dia 8 de dezembro.

Numerosas vezes a festa caiu em desuso e numerosas vezes foi reinstituída ao longo da Idade Média em diversos países europeus. A devoção foi ganhando cada vez mais adeptos e, por volta do século XIII teve início uma grande controvérsia entre Franciscanos e Dominicanos em relação ao dogma. Os Franciscanos defendiam o dogma como o conhecemos hoje: Maria teria sido também concebida sem pecado original, como estava decidido desde o início.
Já os Dominicanos defendiam que Maria teria sido apenas santificada no ventre de Ana, como aconteceu com João Batista, tornando assim seu nascimento um pouco menos miraculoso. Tanto Dominicanos quanto Franciscanos acreditavam que suas versões para o nascimento de Maria estariam fortalecendo a Igreja Católica e a figura do Cristo enquanto salvador.

Entre os séculos XIII e XIV travou-se um embate acirrado entre os doutores da Igreja Latina, que se refletiu na arte produzida na época. Encontramos várias representações da concepção e do nascimento da Virgem apresentando claramente ora idéias defendidas pelos Franciscanos, ora as que advogavam os Dominicanos. As obras que eram partidárias dos Dominicanos tentam mostrar o lado mais humano das cenas, com um tratamento menos idealizado e omitindo qualquer menção a milagres. Já as partidárias dos Franciscanos, mostram as cenas bastante idealizadas e sempre cercadas de eventos milagrosos. Hoje, sabemos que os Franciscanos venceram este embate, mas é importante lembrar que entre os séculos XVI e XVII os jesuítas ainda discutiam o dogma da Imaculada Concepção da Virgem e as controvérsias foram sempre tantas, que só em 1854 o dogma foi reconhecido pela Igreja Católica.

Na constituição Ineffabilis Deus de 8 Dezembro de 1854, Pio IX afirmou que a Virgem Maria Abençoada "no primeiro momento de sua concepção, por um privilégio único e por graça de Deus, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador da raça humana, foi preservada de toda a mancha do pecado original.”

Referências da imagem do post:

Retábulo da Virgem Maria - National Gallery, Londres.
Neste retábulo pode-se observar representações que tendem a reforçar as idéias franciscanas. Aqui, Maria, representada como a Virgem da Humildade, aparece entronizada com o menino e cercada de cenas de milagres envolvendo seu nascimento e seu culto. Nos painéis da esquerda, foram representadas cenas miraculosas envolvendo o nascimento da Virgem:
1) Oferenda de S Joaquim rejeitada;
2) Anjo aparece para S Joaquim;
3) O encontro na porta Dourada;
4) Nascimento da Virgem.
Nos painéis da direita encontramos cenas mostrando milagres da Virgem relacionados à Festa da Imaculada Concepção:
1) Helsin é salvo do naufrágio;
2) Helsin pregando a favor da festa;
3) Padre pecador francês sendo afogado por demônios;
4) Padre restituído à vida. Na predella encontramos representações de Cristo e dos 12 apóstolos. Imagem do site:
http://www.philipresheph.com/a424/gallery/concept/concept.htm

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O dogma da Imaculada Concepção


O dogma se baseia em idéias bíblicas relativas à santidade de Maria (Lucas, 1:28) e às primeiras associações feitas pela Igreja de Maria como sendo a ‘nova Eva’. No Concílio de Éfeso, em 431, também se defendeu a posição de Maria como a Mãe de Deus.
A valorização da invocação da Imaculada Concepção parece ter como objetivo enfatizar ainda mais o lado extraordinário do nascimento de Jesus, numa tentativa de provar que Ele era realmente o Messias, o Salvador, ao revestir de milagres os antecedentes do seu nascimento.
Não só teria Ele sido concebido sem pecado original, mas Maria, a mulher escolhida para lhe dar à luz, também havia sido concebida sem a mácula do pecado original e este teria sido o plano de Deus desde o início. Nunca houve, entretanto, consenso entre os doutores da Igreja em relação a este dogma.

O Nascimento da Virgem, 1486-90, obra de Domenico Ghirlandaio, afresco da Capela Tornabuoni, Santa Maria Novella, Florença.
Representações como esta reforçariam a tese dominicana de que a Virgem Maria teria sido apenas santificada no ventre de Ana. É interessante observar como são enfatizados aqui os traços humanos envolvendo seu nascimento: Ana descansando após o parto, as mulheres ajudando, limpando o bebê recém nascido e, ao fundo, um caloroso abraço entre Ana e José, quando teria se dado a concepção, que aqui ocorre no âmbito privado, e não em público como em muitas outras representações, talvez aludindo ao fato de que a concepção de maria poderia ter se dado da maneira convencional. Imagem da Web Gallery of Art

Cappella Tornabuoni - Santa Maria Novella - Florença - Itália

Referências do texto: Márcia Bonnet - PhD em História e Teoria da Arte (Essex, 2001), mestre em História (IFCS-UFRJ, 1996), Esp. em História da Arte e Arquitetura (PUC-Rio, 1991), Esp. em Cultura e Arte Barroca (UFOP, 1995). Prof. Adjunta de História da Arte e pesquisadora da UFRGS e Coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisa em Arte Colonial (LEPAC), na mesma universidade

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A história da concepção de Maria

>> quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A história da concepção e da infância da Virgem Maria faz parte dos chamados Evangelhos da Infância: proto-evangelho de Tiago - escrito entre 140-170 d.C., versão mais antiga conhecida do séc. III - e o de Pseudo-Mateus - séc. IV ou V - ambos os livros apócrifos.
Neles encontramos narrativas que descrevem as circunstâncias envolvendo a concepção e nascimento da Virgem.
Imagem de Giotto di Bondone, Cenas da Vida de Joaquim: Anunciação à Santa Ana, 1304-06, afresco, Capela Scrovegni Pádua. Imagem da Web Gallery of Art - ver datalhes de outras imagens - efetuar busca por Giotto - ver o conjunto de obras das cenas da vida de Joaquim.

Ana e Joaquim já estavam casados há cerca de vinte anos sem que conseguissem ter filhos, o que entre os judeus da época era visto quase como uma maldição. Certa feita, Joaquim teve sua oferenda recusada no templo, já que, por não ter filhos, ele não parecia estar nas boas graças do Senhor. Decepcionado e sentindo que aquela era ainda mais uma punição do Senhor, Joaquim decidiu se retirar para as montanhas com seu rebanho, abandonando Ana. Isto segundo Pseudo-Mateus. De acordo com o Evangelho de São Tiago, Joaquim teria se recolhido em retiro, jejuando e se abstendo da companhia da mulher.

Ana que já não tinha filhos, se viu também abandonada pelo marido e resolveu orar, pedindo ajuda ao Senhor. Em resposta às suas preces, apareceu um anjo do Senhor que a tranqüilizou, avisando que suas preces tinham sido ouvidas e que em breve seu marido retornaria e eles teriam o tão esperado filho. O mesmo anjo apareceu a Joaquim na montanha, para onde ele havia se retirado com seu rebanho, instruindo-o a voltar para casa por que Ana, sua mulher, havia concebido o filho que tanto desejava.

Joaquim obedeceu prontamente e, ao encontrar com Ana, os dois teriam se abraçado e trocado um beijo no rosto – momento que foi, erroneamente, retratado como o instante em que se teria dado a concepção de Maria. Segundo ambos evangelhos, portanto, a semente que gerou Maria, no ventre de Ana foi plantada pelo Senhor.

O Catecismo da Igreja Católica, assim se expressa:
“Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que
Maria, ‘cumulada de graça’ por Deus, foi redimida desde a
concepção. É isso que confessa o dogma da Imaculada
Conceição, proclamado em 1854 pelo Papa Pio IX"

Existem outras teorias e doutrinas sobre a concepção de Maria e uma das principais delas é de São Tomaz de Aquino - Leia o documento em formato PDF.

Texto original: Márcia Bonnet –Univ.Federal do Rio Grande do Sul.

Ver online alguns livros apócrifos: gnosis.org, earlychristianwritings.com, ccel.org e metareligion.org.

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O início e os porques

>> terça-feira, 17 de novembro de 2009

O começo desta história aconteceu na minha viagem à Europa em junho de 2008, quando eu tive a oportunidade de conhecer de perto um pouco da cultura religiosa católica.

Viajei por cidades históricas italianas, como Florença, Roma, Pisa, Pádua e Assis. Visitei o museu do Vaticano e a Basílica de São Pedro e o que me fez decidir elaborar uma pesquisa foi a visita que fiz a Assis terra de São Francisco de Assis e Santa Clara.

Eu sou católico batizado na Igreja de Nossa Senhora de Loreto - padroeira dos aviadores e também sou protestante batizado na Igreja Metodista - fundada por John Wesley. Meu pai era católico e minha mãe protestante, isso ajudou na minha formação religiosa, mesmo com dogmas tão diferentes um do outro - posso dizer que sou católico protestante - na Irlanda isto seria inconcebível.

Já no Brasil tive experiências muito interessantes até ser conduzido espontaneamente ao movimento da Chama de Amor do Imaculado Coração de Maria - ver meu blog.

Outra curiosidade: antes de viajar para a Europa tive o primeiro contato com Nossa Senhora do Bom conselho, exatamente no dia da santa - 26 de abril.

Há exatos doze meses comecei a pesquisa sobre a história de Maria, mãe de Jesus ou popularmente conhecida como Nossa Senhora. Interessou-me as suas influências e transformações na cultura dos povos de todo o mundo ao longo de vinte séculos.

O interessante foi perceber que Nossa Senhora é uma só e os povos católicos do mundo deram à Virgem Maria várias faces, imagens iconográficas e nomes. Contribuíram e agregaram à imagem um pouco da sua cultura e valores que perpetuam a fé do homem na Mãe de Jesus, filho de Deus.
As demais religiões cristãs tem as referências bíblicas de Maria e não há imagens que simbolizam a devoção - é um conjunto de fatos históricos que unem Maria, Jesus e diretamente Deus.

Os artigos e referências dos fatos que permeiam as questões iconográficas são apresentados de forma simples e direta, com textos históricos, imagens, vídeos, documentos, breve histórico e as fontes da pesquisa.

Referências: A imagem deste artigo - A Virgem Maria, miniatura extraída do Livro das Horas da Bem-aventurada Virgem Maria, escrito e ilustrado na França, século XV, Catedral de Canterbury - clique na imagem para ampliar.

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