Primeira representação da Imaculada Concepção

>> sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A primeira representação da concepção de Maria personificada em uma mulher aparece em uma obra de Carlo Crivelli, de 1492, hoje no the National Gallery em Londres. Nela se pode observar uma mulher com as mãos postas e sobre ela, dois anjos erguem uma faixa onde se lê: Ut in mente Dei ab initio concepta fui ita facta sum (desta maneira na mente de Deus desde o início fui concebida e assim fui feita). Na parte superior da composição, aparece Deus olhando para baixo, contemplando sua criação.

A direita da mulher aparecem uma maçã e uma abóbora, simbolizando a ressurreição (abóbora) como antídoto contra a morte e o mal (maçã); à sua esquerda cinco peras e um pêssego: o número cinco alude às cinco chagas de Cristo, a pêra alude ao Cristo encarnado e seu amor pela humanidade, e o pêssego simboliza o fruto da salvação. Também à sua esquerda, logo abaixo das peras e do pêssego, há um jarro transparente com lírios brancos, simbolizando a pureza da virgem.

O lírio é particularmente associado à Imaculada Concepção e a referência vem da canção de Salomão (2:1): Eu sou a rosa de Saron, o lírio dos vales. A direita da mulher, uma outra jarra, de aparência mais rústica, com rosas – um atributo tradicional da Virgem, herdado da Vênus romana, que se tornando a ‘rosa sem espinhos’ simboliza Maria, preservada das conseqüências do pecado original.

Referência: The National Gallery, Londres
Pesquisa: Marcia Bonnet.

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Representações da Imaculada concepção

>> quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Atualmente a iconografia mais associada à Imaculada Concepção é aquela tão bem divulgada pela pintura produzida no Siglo de Oro espanhol. Zurbarán, Murillo e, sobretudo, Pacheco, nos deixaram representações que mostram uma jovem de cabelos anelados suspensa no ar, de mãos postas e manto esvoaçante, pisando sobre uma esfera e/ou um crescente lunar, uma serpente e uma nuvem salpicada de querubins.

À esquerda, Francisco de Pacheco (1554-1644), A Imaculada Conceição com o Poeta Miguel del Cid, c. 1616-7, Catedral de Sevilha, Andaluzia e à direita, Francisco de Zurbarán (1598-1664), Imaculada Conceição, 1634, Museu Cerralbo, Madri. Imagens da Web Gallery of Art.



As primeiras representações da Imaculada, entretanto, estavam bem distantes desta fórmula que acabou por se popularizar. Na passagem entre a Idade Média e o Renascimento encontramos algumas representações da concepção de Maria e as soluções encontradas pelos artistas variaram bastante. Giotto, por exemplo, na série Cenas da Vida de Joaquim, que decora parte da Capela Scrovegni em Pádua, mostrou o Encontro na Porta Dourada (1304-06), onde vemos Joaquim e Ana trocando um beijo bastante fraternal diante da porta dourada.

Giotto, Cenas da Vida de Joaquim: Encontro na Porta Dourada,1304-06, afresco da Capela Scrovegni Pádua. Imagem da Web Gallery of Art

Jean Bellegambe, pintor flamengo que viveu na França, encontrou outra maneira para representar a concepção, mostrando Maria dentro do ventre de Ana.

À esquerda, Jean Bellegambe (1470-1534), Santana concebendo a Virgem Maria, Museu de la Chartreuse, Douai e à direita, Carlo Crivelli, A Imaculada Conceição, 1492, Galeria Nacional de Londres.

Todas as referências históricas e pesquisas são de Marcia bonnet

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Nossa Senhora da Conceição

>> terça-feira, 24 de novembro de 2009

O dia 8 de dezembro é o dia de Nossa Senhora da Conceição, neste dia O dogma da Imaculada Concepção foi definido pelo papa Pio IX em 1854.

Nas cortes celebradas em Lisboa no ano de 1646 declarou o rei D. João IV que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Não foi D. João IV o primeiro monarca português que colocou o reino sob a protecção da Virgem, apenas tornou permanente uma devoção, a que os reis se acolheram algumas vezes em momentos críticos para a pátria.
D. João I punha nas portas da capital a inscrição louvando a Virgem, e erigia o convento da Batalha a Nossa Senhora, como o seu esforçado companheiro D. Nuno Alvares Pereira levantava a Santa Maria o convento do Carmo.

Foi por provisão de 25 de Março do referido ano de 1646 que se mandou tomar por padroeira do reino Nossa Senhora da Conceição. Comemorando este fato cunharam-se umas medalhas de ouro de 22 quilates, com o peso de 12 oitavas, e outras semelhantes mas de prata, com o peso de uma onça, as quais foram depois admitidas por lei como moedas correntes, as de ouro por 12$000 réis e as de prata por 600 réis.

Segundo diz Lopes Fernandes, na sua Memoria das medalhas, consta do registo da Casa da Moeda de Lisboa, liv. 1, pag. 256, v. que António Routier foi mandado vir de França, trazendo um engenho para lavrar as ditas medalhas, as quais se tornaram excessivamente raras, e as que aquele autor numismata viu cunhadas foram as reproduzidas na mesma Casa da Moeda no tempo de D. Pedro II.

Acham-se também estampadas na Historia Genealógica, tomo IV, tábua EE. A descrição é a seguinte: JOANNES IIII, D. G. PORTUGALIAE ET ALGARBIAE REX – Cruz da ordem de Cristo, e no centro as armas portuguesas. Reverso: TUTELARIS RE­GNI – Imagem de Nossa Senhora da Conceição sobre o globo e a meia lua, com a data de 1648, e; nos lados o sol, o espelho, o horto, a casa de ouro, a fonte selada e arca do santuário.

O dogma da Imaculada Conceição foi definido pelo papa Pio IX em 8 de Dezembro de 1854, pela bula Ineffabilis. A instituição da ordem militar de Nossa Senhora da Conceição por D. João VI (V. o artigo seguinte) sintetiza o culto que em Portugal sempre teve essa crença antes de ser dogma.

Em 8 de Dezembro de 1904 lançou-se em Lisboa solenemente a primeira pedra para um monumento comemorativo do cinquentenário da definição do dogma. Ao ato, a que assistiram as pessoas reais, patriarca e autoridades, estiveram também representadas muitas irmandades de Nossa Senhora da Conceição, de Lisboa e do país, sendo a mais antiga a da atual freguesia dos Anjos, que foi instituída em 1589

No Brasil é tradição montar a árvore de Natal e enfeitar a casa no dia 8 de dezembro, dia de N.Sra. da Conceição."

Ler mais informações: blog nossa senhora

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A festa da Imaculada Concepção

>> quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A festa da Imaculada Concepção foi instituída primeiramente na Igreja Grega, por volta do século V. Somente por volta do século VII ela é adotada também pela Igreja Latina. A data de comemoração, escolhida inicialmente por vontade dos monges que organizaram a primeira festa ainda na Igreja Grega para o dia 9 de dezembro, acabou sendo mudada na Igreja Latina para o dia 8 de dezembro.

Numerosas vezes a festa caiu em desuso e numerosas vezes foi reinstituída ao longo da Idade Média em diversos países europeus. A devoção foi ganhando cada vez mais adeptos e, por volta do século XIII teve início uma grande controvérsia entre Franciscanos e Dominicanos em relação ao dogma. Os Franciscanos defendiam o dogma como o conhecemos hoje: Maria teria sido também concebida sem pecado original, como estava decidido desde o início.
Já os Dominicanos defendiam que Maria teria sido apenas santificada no ventre de Ana, como aconteceu com João Batista, tornando assim seu nascimento um pouco menos miraculoso. Tanto Dominicanos quanto Franciscanos acreditavam que suas versões para o nascimento de Maria estariam fortalecendo a Igreja Católica e a figura do Cristo enquanto salvador.

Entre os séculos XIII e XIV travou-se um embate acirrado entre os doutores da Igreja Latina, que se refletiu na arte produzida na época. Encontramos várias representações da concepção e do nascimento da Virgem apresentando claramente ora idéias defendidas pelos Franciscanos, ora as que advogavam os Dominicanos. As obras que eram partidárias dos Dominicanos tentam mostrar o lado mais humano das cenas, com um tratamento menos idealizado e omitindo qualquer menção a milagres. Já as partidárias dos Franciscanos, mostram as cenas bastante idealizadas e sempre cercadas de eventos milagrosos. Hoje, sabemos que os Franciscanos venceram este embate, mas é importante lembrar que entre os séculos XVI e XVII os jesuítas ainda discutiam o dogma da Imaculada Concepção da Virgem e as controvérsias foram sempre tantas, que só em 1854 o dogma foi reconhecido pela Igreja Católica.

Na constituição Ineffabilis Deus de 8 Dezembro de 1854, Pio IX afirmou que a Virgem Maria Abençoada "no primeiro momento de sua concepção, por um privilégio único e por graça de Deus, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador da raça humana, foi preservada de toda a mancha do pecado original.”

Referências da imagem do post:

Retábulo da Virgem Maria - National Gallery, Londres.
Neste retábulo pode-se observar representações que tendem a reforçar as idéias franciscanas. Aqui, Maria, representada como a Virgem da Humildade, aparece entronizada com o menino e cercada de cenas de milagres envolvendo seu nascimento e seu culto. Nos painéis da esquerda, foram representadas cenas miraculosas envolvendo o nascimento da Virgem:
1) Oferenda de S Joaquim rejeitada;
2) Anjo aparece para S Joaquim;
3) O encontro na porta Dourada;
4) Nascimento da Virgem.
Nos painéis da direita encontramos cenas mostrando milagres da Virgem relacionados à Festa da Imaculada Concepção:
1) Helsin é salvo do naufrágio;
2) Helsin pregando a favor da festa;
3) Padre pecador francês sendo afogado por demônios;
4) Padre restituído à vida. Na predella encontramos representações de Cristo e dos 12 apóstolos. Imagem do site:
http://www.philipresheph.com/a424/gallery/concept/concept.htm

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O dogma da Imaculada Concepção


O dogma se baseia em idéias bíblicas relativas à santidade de Maria (Lucas, 1:28) e às primeiras associações feitas pela Igreja de Maria como sendo a ‘nova Eva’. No Concílio de Éfeso, em 431, também se defendeu a posição de Maria como a Mãe de Deus.
A valorização da invocação da Imaculada Concepção parece ter como objetivo enfatizar ainda mais o lado extraordinário do nascimento de Jesus, numa tentativa de provar que Ele era realmente o Messias, o Salvador, ao revestir de milagres os antecedentes do seu nascimento.
Não só teria Ele sido concebido sem pecado original, mas Maria, a mulher escolhida para lhe dar à luz, também havia sido concebida sem a mácula do pecado original e este teria sido o plano de Deus desde o início. Nunca houve, entretanto, consenso entre os doutores da Igreja em relação a este dogma.

O Nascimento da Virgem, 1486-90, obra de Domenico Ghirlandaio, afresco da Capela Tornabuoni, Santa Maria Novella, Florença.
Representações como esta reforçariam a tese dominicana de que a Virgem Maria teria sido apenas santificada no ventre de Ana. É interessante observar como são enfatizados aqui os traços humanos envolvendo seu nascimento: Ana descansando após o parto, as mulheres ajudando, limpando o bebê recém nascido e, ao fundo, um caloroso abraço entre Ana e José, quando teria se dado a concepção, que aqui ocorre no âmbito privado, e não em público como em muitas outras representações, talvez aludindo ao fato de que a concepção de maria poderia ter se dado da maneira convencional. Imagem da Web Gallery of Art

Cappella Tornabuoni - Santa Maria Novella - Florença - Itália

Referências do texto: Márcia Bonnet - PhD em História e Teoria da Arte (Essex, 2001), mestre em História (IFCS-UFRJ, 1996), Esp. em História da Arte e Arquitetura (PUC-Rio, 1991), Esp. em Cultura e Arte Barroca (UFOP, 1995). Prof. Adjunta de História da Arte e pesquisadora da UFRGS e Coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisa em Arte Colonial (LEPAC), na mesma universidade

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A história da concepção de Maria

>> quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A história da concepção e da infância da Virgem Maria faz parte dos chamados Evangelhos da Infância: proto-evangelho de Tiago - escrito entre 140-170 d.C., versão mais antiga conhecida do séc. III - e o de Pseudo-Mateus - séc. IV ou V - ambos os livros apócrifos.
Neles encontramos narrativas que descrevem as circunstâncias envolvendo a concepção e nascimento da Virgem.
Imagem de Giotto di Bondone, Cenas da Vida de Joaquim: Anunciação à Santa Ana, 1304-06, afresco, Capela Scrovegni Pádua. Imagem da Web Gallery of Art - ver datalhes de outras imagens - efetuar busca por Giotto - ver o conjunto de obras das cenas da vida de Joaquim.

Ana e Joaquim já estavam casados há cerca de vinte anos sem que conseguissem ter filhos, o que entre os judeus da época era visto quase como uma maldição. Certa feita, Joaquim teve sua oferenda recusada no templo, já que, por não ter filhos, ele não parecia estar nas boas graças do Senhor. Decepcionado e sentindo que aquela era ainda mais uma punição do Senhor, Joaquim decidiu se retirar para as montanhas com seu rebanho, abandonando Ana. Isto segundo Pseudo-Mateus. De acordo com o Evangelho de São Tiago, Joaquim teria se recolhido em retiro, jejuando e se abstendo da companhia da mulher.

Ana que já não tinha filhos, se viu também abandonada pelo marido e resolveu orar, pedindo ajuda ao Senhor. Em resposta às suas preces, apareceu um anjo do Senhor que a tranqüilizou, avisando que suas preces tinham sido ouvidas e que em breve seu marido retornaria e eles teriam o tão esperado filho. O mesmo anjo apareceu a Joaquim na montanha, para onde ele havia se retirado com seu rebanho, instruindo-o a voltar para casa por que Ana, sua mulher, havia concebido o filho que tanto desejava.

Joaquim obedeceu prontamente e, ao encontrar com Ana, os dois teriam se abraçado e trocado um beijo no rosto – momento que foi, erroneamente, retratado como o instante em que se teria dado a concepção de Maria. Segundo ambos evangelhos, portanto, a semente que gerou Maria, no ventre de Ana foi plantada pelo Senhor.

O Catecismo da Igreja Católica, assim se expressa:
“Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que
Maria, ‘cumulada de graça’ por Deus, foi redimida desde a
concepção. É isso que confessa o dogma da Imaculada
Conceição, proclamado em 1854 pelo Papa Pio IX"

Existem outras teorias e doutrinas sobre a concepção de Maria e uma das principais delas é de São Tomaz de Aquino - Leia o documento em formato PDF.

Texto original: Márcia Bonnet –Univ.Federal do Rio Grande do Sul.

Ver online alguns livros apócrifos: gnosis.org, earlychristianwritings.com, ccel.org e metareligion.org.

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O início e os porques

>> terça-feira, 17 de novembro de 2009

O começo desta história aconteceu na minha viagem à Europa em junho de 2008, quando eu tive a oportunidade de conhecer de perto um pouco da cultura religiosa católica.

Viajei por cidades históricas italianas, como Florença, Roma, Pisa, Pádua e Assis. Visitei o museu do Vaticano e a Basílica de São Pedro e o que me fez decidir elaborar uma pesquisa foi a visita que fiz a Assis terra de São Francisco de Assis e Santa Clara.

Eu sou católico batizado na Igreja de Nossa Senhora de Loreto - padroeira dos aviadores e também sou protestante batizado na Igreja Metodista - fundada por John Wesley. Meu pai era católico e minha mãe protestante, isso ajudou na minha formação religiosa, mesmo com dogmas tão diferentes um do outro - posso dizer que sou católico protestante - na Irlanda isto seria inconcebível.

Já no Brasil tive experiências muito interessantes até ser conduzido espontaneamente ao movimento da Chama de Amor do Imaculado Coração de Maria - ver meu blog.

Outra curiosidade: antes de viajar para a Europa tive o primeiro contato com Nossa Senhora do Bom conselho, exatamente no dia da santa - 26 de abril.

Há exatos doze meses comecei a pesquisa sobre a história de Maria, mãe de Jesus ou popularmente conhecida como Nossa Senhora. Interessou-me as suas influências e transformações na cultura dos povos de todo o mundo ao longo de vinte séculos.

O interessante foi perceber que Nossa Senhora é uma só e os povos católicos do mundo deram à Virgem Maria várias faces, imagens iconográficas e nomes. Contribuíram e agregaram à imagem um pouco da sua cultura e valores que perpetuam a fé do homem na Mãe de Jesus, filho de Deus.
As demais religiões cristãs tem as referências bíblicas de Maria e não há imagens que simbolizam a devoção - é um conjunto de fatos históricos que unem Maria, Jesus e diretamente Deus.

Os artigos e referências dos fatos que permeiam as questões iconográficas são apresentados de forma simples e direta, com textos históricos, imagens, vídeos, documentos, breve histórico e as fontes da pesquisa.

Referências: A imagem deste artigo - A Virgem Maria, miniatura extraída do Livro das Horas da Bem-aventurada Virgem Maria, escrito e ilustrado na França, século XV, Catedral de Canterbury - clique na imagem para ampliar.

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